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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O Ultimo Samurai!

Mesmo sendo uma produção hollywoodiana, com uma visão bastante ocidentalizada, o Ultimo Samurai proporciona uma representação bastante interessante sobre o Japão, principalmente quando trabalha com os elementos espirituais nipônicos. O filme é previsível, não apresenta nada de revolucionário, mas mesmo assim dá vontade de rever várias vezes. É possível perceber bem como o filme tem objetivo puramente comercial, não que isso tire os outros méritos da obra, observando o rosto gigante do Tom Cruise estampado no cartaz do filme, como um chamariz. Reparem que este truque é utilizado bastante pra chamar público.

A história começa com o Capitão Nathan Algren (Tom Cruise), que é um militar atormentado pelo passado violento que presenciou ao participar da Guerra Civil americana. Enquanto isto, o Japão reorganizava seu poder central e adentrava na Era Meiji, inciando uma reabertura cultural para o ocidente. Mesmo em total decadência psicológica, Algren é designado para treinar as tropas japonesas para combaterem as milícias compostas pelos samurais, contrárias à ocidentalização. Neste percurso, Nathan acaba sendo capturado em combate, sendo levado para a aldeia liderada pelo Senhor Moritsugu Katsumoto (Ken Watanabe). É aí que a história começa de verdade.

Em seu pico de instabilidade emocional, Algren encontra-se em um lugar desconhecido, o qual possui cultura costumes e diferentes. É aqui que este filme torna-se especial para mim. Deixando todo o clichê de lado, do militar decadente, atormentado pela guerra e que é acolhido pelos heróis e, veja que surpresa, muda de lado na história. Este filme tem algo que difere dos outros blockbusters de Hollywood, a sensibilidade com que o diretor Edward Zwick apresenta e desenvolve a crença xintoísta é realmentbem particular, levando em conta o abismo cultural entre oriente e ocidente.

"But there is indeed something (...)"

A história do Capitão Nathan Algren como um pano de fundo para uma evolução pessoal gigantesca do personagem é tocante. É a melhor representação que eu, mesmo com a visão ocidental que tenho, já vi em quanto à filosofia xintoísta e da relação do homem com a natureza, o espírito e a paz interior. 

Destaco a cena final que coloca a reflexão do Capitão Algren que finalmente encontrou paz consigo mesmo. O monólogo dele sobre espiritualidade e o zen budismo é fenomenal, os elementos xintoístas ali são muito bem colocados. Tudo isto é fomentado pela esplêndida fotografia de John Toll, responsável pela fotografia ganhadora do Oscar de Coração Valente, e com apoio da absurdamente genial trilha sonora incrível de Hans Zimmer, autor das trilhas sonoras de A Origem, Gladiador e diversos outros sucessos. 


Lançado em dezembro de 2003 nos Estados Unidos e em Janeiro de 2004 no Brasil, o longa rendeu quatro indicações ao Oscar, de Melhor Ator Coadjuvante, pela atuação de Ken Watanabe, Som, Figurino e Diretor de Arte. Minha nota sentimental para o filme é 5,0 de 5,0 com coraçãozinho e tudo, mas pensando mais friamente e considerando os pontos negativos, fecho a média em 4,0 de 5,0, assim o Capitão Algren mantém a cabeça no lugar!

Marvel's Daredevil - 1ª Temporada!

Temos aqui o pontapé inicial para os fãs finalmente poderem retrucar a velha provocação de que filmes e obras adaptadas do universo ficcional da Marvel são infantis e coloridos demais. Marvel's Daredevil puxou os pés do universo cinematográfico da editora e, com treze episódios de pura violência, os pôs definitivamente no chão. E este chão é sujo!

Lançada em abril de 2015, a série é uma das melhores adaptações de personagens em quadrinhos que eu já vi, ela nos faz esquecer totalmente do fantasma do filme de 2003, produzido pela Fox. Primeiramente temos o cenário, extremamente escuro, imundo e urbano, exatamente como Hell's Kitchen deve ser. A atmosfera sombria e violenta, certamente pegando elementos das passagens de Frank Miller e da parceria de Brian Michael Bendis e Alex Maleev pelos quadrinhos do Homem Sem Medo, torna a cidade amedrontadora. Raros são os momentos que você deixa de estar tenso enquanto assiste. Acredito que apenas a série Gotham tenha superado a adaptação de cenário de Demolidor.

Embora a série da D.C. comics tenha esta leve vantagem de qualidade neste quesito, as atuações, roteiro e direção são totalmente atropeladas pela série produzida pela Netflix. Charlie Cox (Matthew Murdock) me surpreendeu positivamente, é a primeira vez que vejo um trabalho do ator e que surpresa agradável, Deborah Ann Woll (Karen Page) também não deixou o nível descer, acompanhada por Vondie Curtis-Hall (Ben Urich) e Elden Henson (Foggy Nelson), nosso velho amigo de Efeito Borboleta. Até mesmo Skylar Gaertner (Matt Murdock criança), ator mirim, os quais dificilmente me agradam, estava excelente.

Apesar dos bons moços estarem impecáveis, o grande astro da série é Vincent D'Onofrio. Brilhante em Full Metal Jacket e se renovando agora no atual Jurassic World, Vincent trouxe às telas um Rei do Crime mais incrível do que nos meus mais belos sonhos, ou pesadelos. Seus lapsos raivosos, seus momentos de calma de reflexão sobre seu Reino e o principal: a transição abrupta entre os dois. Estes elementos foram transpostos de maneira magistral, em minha humilde opinião. O Kingpin rouba, com o perdão do trocadilho, a cena na série. Pode parecer estranho falar tão bem de uma série que o vilão acaba tendo mais destaque que o herói, mas acredite, este desbalanço ocorre devido à genial atuação de D'Onofrio e não pela inabilidade artística de Charlie Cox, ambos formam uma dupla incrível, em termos profissionais e dentro da própria construção de personagens no enredo

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Combinando as grandes atuações com roteiros incríveis, o resultado não poderia ser outro. Uma série com nota 5,0 de 5,0. A construção mútua do Rei do Crime e seu antagonista, o Demolidor, é feita brilhantemente. Chamo a atenção para a minha parte preferida, no episódio onze. O diálogo entre Matthew e o Padre Lantom (Peter McRobbie) é o momento de ouro dos roteiristas Steven S. DeKnight e Douglas Petrie, responsáveis pelo episódio, juntamente com a direção de Nick Gomez. Um grande passo para a construção do símbolo que os que desviam do caminho dos justos devem temer.

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Tendo mencionado as nuances técnicas da série, o roteiro e seus atores, o que sobra? Os quadrinhos, claro! Mas como pretendo aqui falar mais sobre a série, me reservarei a pontuar algumas referências que notei e que achei importante destacar ao assistir. O mais óbvio, é a influência das obras de Frank Miller, o qual não poderia ficar de fora de qualquer adaptação do Demolidor. Em outras passagens vemos referências mais específicas, Karen Page em determinado momento da série, devido a acontecimentos que não citarei para evitar spoilers, acaba agarrando-se ao abuso de bebidas alcoólicas. Será que temos aqui um encaminhamento para a Queda de Murdock? Por fim, em um diálogo com Ben Urich, Matt, ainda com sua clássica roupa preta de ninja, faz alguns questionamentos sobre o tráfico de heroína na cidade. Nos papelotes há desenhado o símbolo do Serpente de Aço, o qual é mencionado por Urich. Na época que a série saiu, isto era o mais próximo de uma possível confirmação da produção de uma série do Punho de Ferro, por um curto período houveram oscilações nas informações, o que deixava os fãs apreensivos. 
S01E12

Atualmente as séries do Punho de Ferro, Luke Cage e dos Defensores aparecem no painel de busca da Netflix, o que indica que o futuro nos reserva coisas interessantes.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Demolidor - O Homem Sem Medo!


Nesta coleção, dividida em cinco edições, temos a reformulação da origem do famigerado Homem Sem Medo pelas mãos do icônico Frank Miller, acompanhado da bela arte de John Romita Jr. O ano é 1993 e após a incrível repaginação do Demolidor em seu volume um, em arcos como a Saga de Elektra, Roleta Russa e o aclamado Queda de Murdock, Frank Miller retorna agora para retomar as origens de Matthew Murdock, desde sua infância até seus tempos de faculdade, onde conhece Foggy Nelson, seu melhor amigo, e Elektra, seu grande amor e, por que não colocar assim, uma de suas maiores pedras no sapato. Não esconderei aqui que o Demolidor é um dos meus personagens favoritos, tenho minhas dúvidas se ele já não ocupa o topo de minha preferência e Frank Miller é um dos grandes responsáveis por isto.

Na minissérie preludial Miller resgata a origem e início de desenvolvimento do Demolidor e seu alter ego Matthew Murdock, começando com o clássico acidente com lixo tóxico. Na tentativa de salvar um idoso que atravessava a rua de ser atropelado, Murdock acaba cego e devido o contato com um isótopo radioativo desenvolve supersentidos. Entretanto o ponto alto da coleção, ao meu ver, é a atmosfera que ela cria, principalmente em sua quinta e ultima edição. Embora outras sagas evidenciem muito mais o lado obscuro das HQ's do Demolidor, John Romita Jr consegue colocar esta questão de uma maneira única, sua arte aparentemente suja e desleixada dá um ar soturno e noir ao quadrinho que enriquece muito a personalidade do Demolidor, tal qual o universo urbano que ele protege. A maravilhosa combinação de arte e roteiro fazem com que o Demolidor e Hell's Kitchen sejam indissociáveis.

Matthew não passa de um menino assustado no começo, e com razão, no entanto sua escalada é apresentada de uma maneira bastante envolvente. Inicialmente vemos sua relação com o pai, que em um pedido irônico clama ao filho que não fizesse como ele e usasse os punhos para viver, neste período Stick entra em quadro e começa o treinamento de Matthew. Posteriormente Murdock vai à faculdade e conhece Elektra e Foggy e por fim, começa a usar sua roupa preta para inciar sua jornada como vigilante.

Estes fatos isolados não dizem muita coisa sobre o personagem. É como Miller liga os pontos entre eles que dá o tom certo ao diabo de Hell's Kitchen. O roteiro, com apoio da arte, enfatiza o quão Matthew Murdock é humano, ele comete erros e é levado por seus sentimentos, faz besteiras impulsionadas por instintos adolescentes e se machuca, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Se você não se sente bem ao ver um personagem falho e quebrado, talvez este não seja o melhor herói para acompanhar. Caso se interesse, saiba que o Demolidor é alguém bastante atormentado por seu passado e por suas escolhas e este é um bom começo para o conhecer, esta revista é um ótimo material para se ler antes, ou mesmo depois, de assistir a primeira temporada da série Daredevil, produzida pela Netflix, diversas referências são feitas, o que pode otimizar seu aproveitamento da mídia. Com uma nota 4,5 de um total de 5, a minissérie em cinco edições Demolidor – O Homem Sem Medo, mantém sua cabeça intacta!