Um dos filmes mais aguardados de
2016 e, por que não, um dos mais aguardados do gênero de super-heróis,
finalmente chegou. A questão agora é, será que o filme é tão bom quanto falam?
Ou mesmo tão ruim quanto as críticas apontam? Dessa vez subirei no muro, Batman
vs Superman é um filme mediano, mas que tinha tudo para ser grande.
Zack Snyder mais uma vez caiu na
maldição de dirigir filmes mais ou menos, que possuem alguns bons picos de
grandiosidade. Vamos aos fatos, o filme produziu grande expectativa no público,
o que é quase sempre uma armadilha perigosa, na qual a obra caiu e feio. Os
diversos trailers lançados tiraram grande parte da surpresa de se assistir o
filme no cinema, o próprio vilão do filme, Doomsday, foi mostrado
desnecessariamente antes do lançamento. Algumas cenas já reveladas, demoraram
mais da metade do filme para aparecerem, o que eliminava quase por completo a
sensação de surpresa ao assistir. Isso sem mencionar os diversos furos no
roteiro, que nem mesmo as atuações, um dos pontos positivos do conjunto,
puderam segurar.
O filme nos apresenta um Batman (Ben
Affleck) surpreendentemente bom. Ainda não é
o melhor Batman dos cinemas, ao meu ver, como muitos fãs colocaram, mas
certamente é um Homem Morcego de respeito. O ator encarnou muito bem o
personagem amargurado, com um peso enorme nas costas. Esse Batman é cansado e
atormentado por eventos do passado, referência direta aos quadrinhos de Frank
Miller. A Mulher Maravilha (Gal Gadot) também merece reconhecimento, embora
tenha sido trabalhada um pouco nas coxas, a personagem ganhou um rosto, não
consigo, ao menos por enquanto, imaginar outra atriz no papel. Mesmo com essas
boas atuações, eles não conseguem amparar o Superman (Henry Cavill), que não
possui carisma algum. Pode ser implicância, mas você vibra quando o personagem
leva porrada e não é porque o Batman é incrível ou algo assim, mas sim porque o
Super não faz nada que te convença que ele merece o contrário. Há algo de
irritante neste Superman e eu não sei o que é. Talvez seja meu lado fanboy gritando mais alto pelo Batman,
talvez não seja.
O curioso deste filme é que ele
conseguiu superar as apreensões dos fãs, principalmente sobre os personagens de
Ben Affleck e Jesse Eisenber, que interpretou incrivelmente Lex Luthor, mas
errou feio ao atender às expectativas positivas, sobre o confronto entre os
heróis, o vilão Apocalipse e principalmente sobre as motivações de cada personagem. Os
acontecimentos são meio repentinos demais, com pouca explicação, confusos e o
Batman literalmente muda de ideia em um minuto. Em um momento ele aponta uma
lança de Kriptonita em direção ao peito do Homem de Aço e no seguinte o chama
de amigo ao participar do salvamento de Martha Kent (Diane Lane), e toda essa
reviravolta de sentimentos acontece só porque as mães dos dois possuem o mesmo
nome. Mas que forçada de barra, ein senhor Zack Snyder? O senhor passa quase
uma hora de filme trabalhando que o Batman considera o Super um risco e que o
embate entre os dois é totalmente justificável por causa deste viés, o que faz
muito sentido, era um bom caminho, mas depois joga isso tudo pelo ralo sem nem
dar uma explicação sensata. Os roteiristas David S. Goyer e Chris Terrio deslizaram feio aqui. Zack Snyder só
não tem preguiça de enfiar slow motion em
tudo, parece que não conhece outra técnica de intensificação de cena dramática
que não seja esta. Sem contar os excessos no uso de CGI, que tiram totalmente a
imersão. Estes erros foram cruciais para tirar toda a possível grandiosidade de
Batman vs Superman.
Embora recheado de defeitos, o
filme possui seus pontos positivos. O diretor costuma respeitar muito os
quadrinhos, às vezes até demais, como em Watchmen (2009) e 300 (2007), e não
foi diferente desta vez. Alguns chamariam de homenagem, mas eu acho que o uso
quase idêntico a cenas dos quadrinhos é um pouco de falta de coragem de inovar
da parte de Snyder, entretanto, o forte do diretor aqui não foi seguir os
quadrinhos à risca, ou fazer “homenagens” idênticas aos quadros das comics mais famosas, mas sim apresentar
uma boa releitura dos clássicos. Quadrinhos como o próprio Dark Knight Returns (1986) do
já citado Frank Miller, e o clássico The
Death of Superman (1993) são misturados e ressignificados de maneiras
curiosas e criativas. A inversão dos papéis na cena
final do funeral do Superman foi a minha preferida, uma bela apropriação e
adaptação do Cavaleiro das Trevas. O filme não é horroroso como muitos
dizem e nem chega perto de ser a maravilha como a outra extremidade de fãs
aponta, seu grande vilão, provavelmente, deve ter sido o estúdio que quis forçar um início do universo cinematográfico da DC, um tiro que pode ter saído pela culatra. A trilha sonora do espetacular Hans Zimmer, em pareceria com o DJ
Holandes Junkie XL ainda se salva um pouco, ela é bem envolvente, apesar exagerada em alguns momentos, é
condizente com o ritmo da trama. Vale a pena gastar seu tempo, mesmo
que o filme seja tão extenso, para ver Batman vs Superman, nem que seja para
criticar, se bem que se eu não reclamaria caso fosse ressarcido em tempo e dinheiro.