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segunda-feira, 14 de março de 2016

A Bruxa!

A Bruxa já ganhou destaque antes mesmo de chegar aos cinemas. Com declarações de ícones populares dentro do universo do entretenimento do horror, dentre eles um dos maiores escritores de terror Stephen King, o filme criou uma grande expectativa para os fãs deste gênero, e até mesmo para os não tão fãs assim, como eu.

King declarou-se assustado com a atmosfera aterrorizante do filme. De fato o filme te causa uma sensação opressiva de modo bem eficiente, mas eu fiquei ainda mais assustado ao ver como um filme tão promissor, com um início e um meio tão interessantes, pode ser arruinado com um final tremendamente decepcionante. Toda a justificativa para o desenvolvimento extra e intra familiar do elenco principal do filme é jogado pelo ralo com um final muito repentino e, ao meu ver, pouco condizente com a proposta até então trabalhada no filme.

Robert Eggers, apesar das ressalvas, fez um belo trabalho como diretor novato em uma grande produção. Este não é um filme como os outros recentes de terror. Muitas pessoas decepcionaram-se por esperar uma obra com muitos sustos e elementos gore, mas o que nos foi apresentado foi um universo de grande tensão e drama. A total submissão da família à religião contribui muito para o clima agoniante que se estende durante todo o filme, mas isto se quebra como cristal quando o final nos é apresentado, se o filme terminasse alguns minutos antes, talvez o estrago não fosse tão grande.

Embora com este fim incrivelmente incoerente com o restante do filme, o elenco mostrou-se surpreendentemente adequado. Com exceção de Ralph Ineson (William), que fez pequenas participações na franquia de Harry Potter (2001 - 2011), no filme Guardiões da Galáxia (2014) e, com mais destaque, na série Game of Thrones (2011 – ainda em lançamento) e de Kate Dickie, que também participou de Prometheus (2012), o restante dos atores principais, dentro do núcleo familiar, não possuíam experiências em grandes produções cinematográficas, mas isto não foi nenhum entrave para suas grandes contribuições para o filme. Anya Taylor-Joy (Thomasin), Harvey Scrimshaw (Caleb) e mesmo os gêmeos Ellie Grainger (Mercy) e Lucas Dawson (Jonas) não destoaram em nenhum momento do que o filme pretendia apresentar.

O filme parece tentar construir toda uma trajetória de decadência da família, em termos religiosos. O início do fim com a heresia e o orgulho, seguidos pela luxúria, pela mentira e pela perda da própria fé. Essa trilha de elementos não é nada inovadora, mas o modo como se trabalha com ela é certamente notável, principalmente em conjunto com a impactante e muito bem encaixada trilha sonora de Mark Korven e a belíssima fotografia de Jarin Blaschke. Tendo um final que puxa, e bastante, para baixo a média do filme, uma nota 3,5 de 5,0 parece bastante apropriada. O filme poderia ter facilmente um 4,0 ou mesmo 4,5 se conectasse melhor as duas primeiras partes com a parte final. Parece que não é desta vez que teremos um neoclássico como muitos previram.