Capitão
América: Guerra Civil é o melhor filme da Marvel? Vi diversas pessoas se
questionando isso antes de ver o filme. Ao lembrar de uma reação parecida de
grande parte dos fãs quando Batman vs Superman estreou, imaginei ser uma
loucura o terceiro filme do Capitão América ter esta importância atribuída,
pensei que a empolgação que deturpou o senso crítico de tantos fãs da D.C. Comics havia atingido os fãs da Marvel. Fui surpreendido, positivamente.
Guerra
Civil não é o melhor filme da Marvel. Os Vingadores (2012) e Guardiões da Galáxia (2014) superam em vários pontos esta nova produção. Entretanto o filme é tudo o que os
fãs da Marvel esperavam. É um mais do mesmo de algo excelente. Isso é bom?
Sinceramente a resposta para essa pergunta é mais difícil do que parece,
mas o filme é sim muito divertido. A qualidade das cenas de ação dos U.M.C. vem
crescendo exponencialmente, parece que estamos vendo quadrinhos se movendo na
tela dos cinemas e isto é certamente uma qualidade da qual a Marvel merece ser
creditada, tal como os irmãos Russo, diretores do filme.
Arrisco
dizer que o filme supera em diversos momentos as HQ’s. Primeiramente, os
quadrinhos são muito mais desorganizados que o filme, diversas histórias que
não possuem conexão direta, ou ao menos não possuem ligação coerente com a trama central, acontecem
paralelamente, o que torna a leitura extremamente cansativa e confusa. No
filme, o número de heróis é obviamente muito menor, mas ainda grande para uma única produção. Cada personagem possui tempo de tela suficiente para ser
desenvolvido e para ser encaixado de forma aceitável na trama. Outro ponto
positivo do filme em relação aos quadrinhos é o equilíbrio da história. Nos
quadrinhos é quase impossível ficar do lado do Homem de Ferro, enquanto as
atitudes do Capitão América fazem total sentido, se compararmos com as ações quase fascistas de Tony Stark. No longa, o super registro dos heróis ainda é o
foco central da fissura dos Vingadores, entretanto existem subtramas que tornam
as ações do Homem de Ferro muito mais aceitáveis, abrindo, inclusive,
precedentes para interpretações diferentes sobre as ações do Capitão Steve
Rogers, tornando-as mais passionais do que nas HQ’s. Existe aqui uma grande
apelação para o lado sentimental que envolve a amizade destes dois personagens,
além das divergências políticas, a cisão ocorre em âmbito íntimo, o que coloca
um peso muito maior nos conflitos. A batalha final, o único momento em que a
trilha sonora torna-se notável, mesmo que pouco, é bastante intensa, cada golpe
dado, principalmente pelo Homem de Ferro, que há um bom tempo demonstra um
olhar amargurado de alguém que possui um fardo psicológico muito pesado, é carregado de dor. É possível ouvir os pedaços de Tony Stark
se partindo (desculpem o exagero, me emocionei de verdade!).
Deixando um pouco de lado os ícones principais do filme, vamos falar do que realmente interessa. O melhor Homem Aranha e Peter Parker de todos finalmente veio até nós. Obrigado por isto, Marvel! Tom Holland incorporou muito bem o amigo da vizinhança e roubou a cena em uma das sequências de lutas mais épicas do U.M.C, tanto em termos de ação quanto comicidade. Os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely souberam transpor bem a personalidade do Aranha, as piadas estão excelentes e são muito naturais, encaixam muito bem no Homem Aranha construído para este universo, aliás, todas as piadas do filme são muito bem colocadas, diferentemente de Vingadores – A Era de Ultron (2015), que recebeu duras críticas devido ao humor forçado que apresentou.
É um pouco difícil
falar de um filme com tantos personagens, mas algumas menções valem a pena,
como a parceria do Gavião Arqueiro e Homem Formiga, muito esperada, os movimentos impecáveis da Viúva Negra, obrigado por isto, coreógrafos e o espetacular
Pantera Negra, muito bem introduzido. Cabe ainda falar do Barão Zemo, vilão do
filme, que embora tenha arquitetado um bom plano para separar os heróis, não
agradou diversos fãs. Pessoalmente não tenho conhecimento suficiente para falar
de Zemo nos quadrinhos, mas os filmes da Marvel apresentam dificuldade em
construir um vilão que supere uma marca mediana, e isso se repete aqui. Loki
ainda é o vilão mais carismático do U.M.C., entretanto não considero isto uma
grande falha, Zemo é apenas uma faísca para o evento principal que é o embate
das duas equipes. O filme continua excelente, apesar disto, e dizem as más
línguas, que Capitão América: Guerra Civil é tudo o que Batman vs Superman quis
ser. Aqui é #TeamCap, em todos os sentidos, e que venha o filme solo do Homem
Aranha, que já possui título e logo oficial!
Me ajudem, Vingadores, é muito filme! Salvem minha carteira!
... ou não...